O país das elites que resolveram ir às ruas: um país branco, rico, que
odeia, que vive no Brasil, mas, sonha com os Estados Unidos. O país dos
pobres que também resolveram ir às ruas: misturado, lascado, que sofre, mas,
tem esperança, que vive no Brasil e sonha com o Brasil. Ontem diante da
Globo havia umas 30
mil pessoas. A imensa maioria era constituída de gente que mora em ocupações do
Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
Negros, mestiços, pessoas com traços indígenas,
gente de mãos calejadas e pés cansados, sem nada nas mãos, sem dinheiro nos
bolsos. Gente que luta pra viver cada dia, ultrapassar obstáculos do cotidiano
numa fronteira por vezes fina demais com a miséria completa. Não cheiram a
perfume francês, nem mesmo da Natura ou Boticário. Cheiram ao suor de quem
peregrina.
Dois brasis.
Tem um Brasil que mora no Jardim Europa, Jardim
América, Cerqueira César, Morumbi...
Tem um Brasil que mora na Faixa de Gaza, Capadócia, Chico Mendes, Nova Palestina...
Tem um Brasil que, rico, vai às ruas e grita contra a corrupção mas trabalha e incensa os grandes corruptores: ataca os "corruptos do PT" e vota nos maiores corruptos; move-se a partir de seu umbigo e seu desejo incontido por fortuna; educa seus filhos a odiarem os pobres.
Tem um Brasil que mora na Faixa de Gaza, Capadócia, Chico Mendes, Nova Palestina...
Tem um Brasil que, rico, vai às ruas e grita contra a corrupção mas trabalha e incensa os grandes corruptores: ataca os "corruptos do PT" e vota nos maiores corruptos; move-se a partir de seu umbigo e seu desejo incontido por fortuna; educa seus filhos a odiarem os pobres.
Tem um Brasil pobre que vai às ruas e, mesmo
arrasado por uma política econômica de direita, deixa de lado seus interesses
imediatos e defende o bem maior, a democracia; esmagados pela sociedade de
exclusão, carregam a esperança que pode salvar todos, e não apenas eles; educam
seus filhos na consciência de que a vida é a possibilidade de direitos.
Dois Brasis.
O Brasil dos domingos que respira ódio e quer tudo pra si.
O Brasil dos domingos que respira ódio e quer tudo pra si.
O Brasil dos dias da semana que planta amor e
quer direito de existir em partilha e solidariedade.
Por: Mauro Lopes
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